segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Reciclar é legal" - por Iporã Possantti


Suponha que o embrulho plástico da bala de café que você tanto gosta caia no chão. Na sarjeta ele permanece, até que um pé de vento o leve para passear pela cidade - fazer um "tour". Bem, nem é preciso dizer que a diversão acaba assim que vem a primeira chuva. Os homens criaram complexos sistemas de escoamento para que a água, quando cai do céu, não destrua suas vidas, portanto o nosso embrulho parte em uma sombria jornada pelos canos de esgoto.

Entretanto, como Newton já dizia, tudo tende a ir de encontro ao centro do planeta. Uma aceleração chamada gravidade faz com que esta massa líquida que transporta nosso embrulho flua, ande, se desloque para o nivel mais próximo possivel desse centro poderoso: o nível do Mar. É bem fácil: no primeiro riacho, dois tempos já está em um manancial (o Guaíba, por exemplo!) e logo lá está o embrulho dançando entre as ondas do Oceano.


Agora pense: QUANTOS MALDITOS EMBRULHOS DE BALA DE CAFÉ têm o mesmo destino no Planeta Terra?


Pensou? Muito bem, vamos continuar a odisséia.

Os Oceanos, devido à uma série de fatores, criam uma complexa rede de correntes marítmas. O nosso embrulho, naturalmente, vai pegar carona na primeira que avistar. Existe um Oceano, chamado oceano Pacífico, que ocupa praticamente um hemisfério do planeta, é muito provável que o embrulho vá parar por aquelas bandas. Noventa e cinco por cento provável, considero. Contudo, o mais interressante é que esse Oceano, por ser tão grande, possui redemoinhos gigantes de correntes marítmas, conhecidos por "Giros". São massas de água ocupando áreas enormes que, ipulcionadas pelas correntes, fazem um movimento circular em grande escala, por isso, imperceptível ao homem. Resumindo: o nosso embrulho está agora em uma cilada. Não há como escapar, ele vai parar no "Giro".


Ao chegar lá, começa o carrosel. Um lento e contínuo movimento. Eterno movimento. Mas sozinho ele não vai estar. Lembra dos outros embrulhos? Pois bem, eles também vão brincar de cirandinha no Oceano Pacífico. O embrulhos junto com mais MILHARES DE TONELADAS de outras categorias de plásticos. Com o tempo, os componentes químicos do Mar os degrada, e eles ficam microscópicos. Melhor, assim ninguém mais ve, não incomoda ninguém! - você deve ter pensado. Mas não. Aí que a situação se complica.

Análises comprovaram a densidade de 5 polímeros (materia plástica) para 1 grama de plâncton nas águas infestadas de lixo plástico.

Os seres microscópicos começam a ter plástico em seus tecidos e, para quem estudou biologia, isso é uma catástrofe ecológica. O plástico sobe as cadeias alimentares e no peixinho que a sua empregada fará hoje no alçomo, haverá a matéria prima do embrulho da sua bala de café preferida. Sem falar nas mutações e mortalidade em massa de diversas espécies.


Um navegador passou uma semana a ver plástico antes de ultrapassar a "mancha de plástico" no Oceano Pacífico, que pode ser vista até do espaço.

Mancha de plástico no Oceano Pacífico

Por isso, recicle seu plástico.

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