sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ótimo texto da Andrezza..

+*+ Viver muito pra que mesmo? +*+


Outro dia, ouvi uma reportagem sobre o fato de cientistas estudarem um meio de prolongar a vitalidade dos telômeros. Não sabem o que são têlomeros? Então... são filetes de DNA que se repetem cada vez que a célula se divide. Daí, num dado momento da vida, as células param com essa divisão e é então que o envelhecimento chega, até a morte.
A maior preocupação desses cientistas é justamente com o fato de prolongar o tempo de vida. Entretanto, há um “bug” nessa teoria e, por mais irônico que seja, não tem a ver com ela diretamente. Ninguém especulou nessa pesquisa se as pessoas querem viver mais. Há motivos para que elas queiram isso?
Quem é que vai querer viver mais num lugar onde as pessoas não ligam umas para as outras e só pensam no próprio umbigo? Pessoas que especulam a vida dos outros, que se dão ao trabalho de viverem para tornar a outros infelizes.
O que será viver por mais tempo num mundo onde as aparências e as máscaras que as pessoas se impõem são mais importantes do que a essência? Pessoas que não se mostram ou por terem perdido tempo com qualquer outra coisa que não tenha a ver com a lapidação do próprio caráter e, por isso, são medonhas; ou ainda pessoas que até são lindas, mas têm receio de serem rechaçadas por serem assim, afinal, vilania tem se tornado selo de qualidade no tratamento humano.
Gentileza, nesse lugar, é artigo equivalente a Panda, na China: Está praticamente em extinção e todos já se referem a isso com certo saudosismo. Está ficando difícil até aceitar gentilezas quando elas acontecem, milagrosamente! Fica-se pensando se o outro está fazendo isso apenas por querer algo em troca. Clima de desconfiança é movimento antinatural.
Ninguém mais tira o outro para dançar, não se abraça fortemente pela manhã nem em momento algum – já que não é data especial, né? –, não manda recados apenas para lembrar um “eu te amo”. Ambiciona-se com ganância o do outro ao invés de procurar desejar mais e mais o que já lhe é teu ou conquistar algo para si mesmo de forma legítima. Não se faz mais carinho nos cabelos, não se deita no colo e, se o faz, “ahhhh, aí tem”... não pode ser simplesmente porque se quer acarinhar outra pessoa. Se for do sexo oposto, “tá querendo!!” e só encanta para poder ter o que quer. Depois passa, e as coisas prosseguem “como têm de ser” (e por que tem de ser assim?). Se for do mesmo sexo, “tá querendo”, mas ainda com o agravante de um bando de gente que se diz não preconceituosa ficar especulando seus desejos, como se elas fizessem parte deles, ou ainda, justamente por isso, não tendo por que fazer parte deles.
Jura mesmo que se deve prolongar a vida desse jeito, nesse lugar? Com essas gentes? Todos pensam em prolongar a vida, mas se esquecem de que o importante nisso não é apenas viver mais, e sim viver como! E nessas horas eu penso que, em particular, se essas gentes continuarem a estragar o viver desse jeito, eu prefiro acreditar que cheguei até aqui por uma razão específica, que me é desconhecida, e que devo cumprir a tal missão e depois “Puff”. Desaparecer imediatamente desse mundo, restando-me como satisfação apenas a memória de alguns poucos, que me guardarão pra sempre. Se não for pra mudar a forma de viver, isso já me basta.


Fonte: http://cronicantando.posterous.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário