O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, da renda de casa,
dos sapatos, dos remédios,
dependem das decisões políticas.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe,
da farinha, da renda de casa,
dos sapatos, dos remédios,
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e enche o peito de ar
dizendo que odeia a política.
que se orgulha e enche o peito de ar
dizendo que odeia a política.
Não sabe, o idiota,
que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto
e lacaio dos exploradores do povo.
que da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos
que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto
e lacaio dos exploradores do povo.
Bertolt Brecht – dramaturgo e poeta alemão (1898 – 1956)
Este ano a FUVEST optou por um tema de redação que provavelmente foi o termo mais discutido em 2011: participação política. O ano que passou ficou como um marco para a democracia, deixando um legado de inspiração para as mobilizações sociais ao redor de todo o mundo. Até o último momento o ano que começou com a deflagração da Primavera Árabe terminou com protestos dos russos contra fraudes nas eleições legislativas.
No Brasil, 2011 foi marcado por diversas manifestações nas ruas e avenidas das principais cidades do país com temas como a legalização da maconha, contra o machismo e a violência sexual, pela liberdade de expressão, contra a construção da Usina de Belo Monte. Também foram palcos de forte mobilização as principais universidades, como a ocupação da reitoria da UFRGS, e greve dos estudantes da USP, que foi manchete nos jornais do país inteiro.
A proposta de redação da FUVEST 2012 foi apresentada por 5 textos, entre eles um que tratava sobre a origem da palavra idiota, que segundo o texto é originaria do termo grego idiotes, “aquele que só vive a vida privada, que recusa a política”, e uma charge tratando sobre o mesmo tema. Outros dois textos, elevavam a política como “imperativa e predominante” sobre a nossa vida, afirmando que praticamos política “querendo ou não querendo”. O último texto abordava a questão do processo de esvaziamento do Estado e transferência de suas atribuições para outras instituições, “primordialmente as do mercado financeiro e do consumo”.
Contraditoriamente, o tema de redação da FUVEST, vestibular da USP, aparece justamente em um dos momentos mais conturbados politicamente da Universidade. No segundo semestre de 2011 mobilizações estudantis contra a militarização do campus do Butantã foram fortemente reprimidas pela reitoria da USP, motivando greve dos estudantes. A repressão foi tão grande que culminou, durante o período de férias, na expulsão de 6 estudantes por participarem de manifestações políticas e no fechamento, nesta semana, da sede do DCE-Livre da USP, entidade representante dos estudantes da Universidade.
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