terça-feira, 16 de agosto de 2011









MÃE ÁRVORE
Declev Reynier
Houve árvores inesquecíveis
A vida passa, mas elas ficam
Infelizmente algumas apenas na memória

Ah, as árvores…
O que seria de minha infância sem as árvores?
A caramboleira do quintal da minha avó
Que caramboleira!
Grande, mas pequena
Como uma pequena mulher fofinha
Seus galhos finos a tornam esbelta quando vista por dentro,
Onde cabiam todos os meus sonhos
Lugares cativos meu e de meu irmão nos acolhiam
Quantas carambolas eu comi
Agora ela faz parte do meu corpo
E de minhas lembranças…
Minha infância já se foi,
Mas ela está lá

Teve melhor destino que a goiabeira
Que no meu quintal deu lugar à piscina
Mas em minha memória ela ocupa
Os principais arquivos de tempos idos
Era minha casa dentro do quintal de minha  casa
O meu universo quando minhas preocupações
Eram apenas comer meu lanche longe da mesa e do chão
Quantas proteínas ela me ofereceu
Através dos bichinhos dos caroços brancos de seus frutos
Hoje deito ao sol ao lado da piscina no vazio que ela deixou

Que saudade…
Saudade igual à que sinto pela minha “cabeluda”
Ah, que frutinha gostosa
Amarela como o sol
Redonda como as bolas de gude
Que eu tirava dos “triângulos”  de giz no cimento
Seus galhos frágeis não me agüentavam
Mas nada mais eu pedia
Que suas frutinhas de grandes caroços doces
Teve o mesmo destino que a goiabeira
Eram duas irmãs…
E hoje seu doce vive apenas na lembrança de meu paladar

Abacateiro que brincava de esconder
E guardava seus frutos em cima do telhado

Jameleiro que era artista
E pintava todo o chão com seu lindo violeta dos frutos

Todas vivem apenas na lembrança
Apenas na lembrança…

Existem outras,
Como o cajueiro da casa de praia
Se fazia de difícil,
Mas subíamos e pescávamos seus frutos nos mais altos galhos
Este embora vivo também vive na lembrança
Pois como um parente distante muito pouco o visito

Que saudade, árvore da frente da minha casa
Lindas suas flores brancas, suas enormes folhas
E seus frágeis galhos que se quebravam nos jogando ao chão
E sua seiva, que pingava como lágrimas de leite

Leite que brotava como nos seios das mães
Que vivem apenas na lembrança quente
De quando as árvores nos pegavam no colo,
Como mamãe também fazia.

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